Fui buscar cerveja à mercearia paquistanesa. Já não havia Sagres no frio. Peguei nas últimas três litrosas de Super Bock e coloquei-as em cima do balcão, enquanto esperava a minha vez de pagar. Um senhor negro, de bigode grisalho e barriga saliente, estava a pagar uma média Sagres. Cumprimentou-me com um aceno de cabeça, como se me tivesse reconhecido.
"Tudo bem?", disse. "Ele hoje já tem chave.", acrescentou, indicando o caixa paquistanês.
Não faço ideia a que se refere. Já devia estar com uma grande bujarda quando quer que tenha sido esse episódio da chave. Nunca falei com este gajo, pensei.
Quando entrei em casa com as litrosas, o cão começou a farejar o saco intensamente.
"Lá vai este cabrão embebedar-se novamente", pensou.